Imagine a majestosa Baía de Todos-os-Santos, a maior do Brasil e a segunda maior do mundo, com suas 1.180 km de praias e uma área de 1.233 quilômetros quadrados, quase o dobro do tamanho de Salvador. Um paraíso natural que abriga 56 ilhas e 16 municípios, incluindo a capital baiana. No entanto, por trás da beleza aparente, um problema silencioso ameaça esse ecossistema único.
Pesquisadores do Programa Ecológico de Longa Duração dos Ecossistemas Marinhos da Baía de Todos-os-Santos identificaram trinta e seis espécies exóticas invasoras que representam uma ameaça ao equilíbrio ambiental da região. Entre elas, quatro se destacam como as mais preocupantes: coral-sol, coral-mole, siri-bidu e peixe-leão. Essas espécies não nativas têm impactos devastadores nos ecossistemas locais e representam uma ameaça direta à pesca artesanal, essencial para a economia e subsistência de pescadores e marisqueiras.
“Essas espécies chegam, se instalam rapidamente e começam a se espalhar com uma velocidade muito maior do que as espécies nativas conseguem suportar”, explicou o professor Igor Cruz, pesquisador de recifes da Baía de Todos-os-Santos. A introdução desses invasores ocorre de diversas formas, desde o transporte acidental por navios até a disseminação pelas correntes oceânicas. Alguns desses organismos exóticos foram até mesmo introduzidos intencionalmente por aquaristas na região.
Duas espécies em particular, o coral-sol e o coral-mole, representam graves ameaças. O coral-sol, com sua coloração alaranjada vibrante, é considerado uma das piores espécies invasoras marinhas no Brasil, liberando substâncias químicas prejudiciais para outros organismos marinhos e sufocando corais nativos. Enquanto isso, o coral-mole, com seu crescimento agressivo, transforma recifes diversificados em desertos dominados por sua presença.
Outro invasor preocupante é o siri-bidu, um crustáceo com hábitos vorazes que tem afetado os estuários da Baía de Todos-os-Santos. Sua presença maciça já impacta a pesca na região, competindo com espécies nativas por alimento e abrigo. Além disso, o peixe-leão, com sua reprodução acelerada e espinhos venenosos, representa um perigo tanto para o ecossistema quanto para os seres humanos que entram em contato com ele.
A bioinvasão dessas espécies exóticas é agravada pelas mudanças climáticas, intensa circulação marítima internacional e perturbações nos ecossistemas costeiros causadas por atividades humanas. Os especialistas alertam que é crucial tomar medidas urgentes para conter o avanço desses invasores e proteger a biodiversidade da Baía de Todos-os-Santos.
A remoção dessas espécies invasoras segue protocolos estabelecidos, mas a participação ativa da comunidade pesqueira é essencial. Os pescadores desempenham um papel fundamental na detecção precoce de mudanças no ecossistema marinho. A conscientização pública e a colaboração entre instituições e a população local são fundamentais para preservar a riqueza natural da região.
Diante desse cenário preocupante, é crucial combater a invasão silenciosa que ameaça a Baía de Todos-os-Santos. A união de esforços, a implementação de medidas eficazes e a conscientização da população são essenciais para proteger esse ecossistema único e garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.
Leave feedback about this